segunda-feira, 2 de junho de 2008

ESPERANÇA!




Na Romênia, um homem dizia sempre a seu filho:

- Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado.

Houve nesta época um terremoto de intensidade muito grande, que quase arrasou as construções lá existentes.

Estava nesta hora este homem em uma estrada. Ao ver o ocorrido, correu para casa e verificou que sua esposa estava bem, mas seu filho estava na escola.

Foi imediatamente para lá. E a encontrou totalmente destruída.

Não restou uma única parede de pé...

Tomado de uma enorme tristeza, ficou ali ouvindo, a voz feliz de seu filho e sua promessa (não cumprida). “Haja o que houver, eu estarei a seu lado.”

Seu coração estava apertado e sua vista apenas enxergava a destruição. A voz de seu filho e sua promessa não cumprida, o dilaceravam. Mentalmente percorreu inúmeras vezes o trajeto que fazia diariamente segurando sua mãozinha. O portão (que não mais existia); Corredor... Olhava as paredes, aquele rostinho confiante.

Passava pela sala do 3º ano, virava o corredor e o olhava ao entrar.

Até que resolveu fazer em cima dos escombros, o mesmo trajeto.

Portão... Corredor... Virou a direita e parou em frente ao que deveria ser a porta da sala. Nada! Apenas uma pilha de material destruído.

Nem ao menos um pedaço de alguma coisa que lembrasse a classe. Olhava... Tudo desolado.

E continuava a ouvir sua promessa. E ele não estava... Começou a cavar com as mãos.

Nisto chegaram outros pais, que embora bem intencionados, e também desolados, tentavam afasta-lo de lá dizendo:

- Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém. Vá para casa.

Ao que ele retrucava: - Você vai me ajudar?

- Mas ninguém o ajudava, e pouco a pouco, todos se afastavam. Chegaram os Policiais, que também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia chance de ter sobrado ninguém com vida. Havia outros locais com mais esperança. Mas este homem não esquecia sua promessa ao filho, à única coisa que dizia para as pessoas que tentavam retirá-lo de lá era: Você vai me ajudar?

Mas eles também o abandonavam. Chegaram os bombeiros e foi a mesma coisa... Saía daí, não está vendo que não pode ter sobrado ninguém vivo?

- Você vai me ajudar?

- Você está cego pela dor, não enxerga mais nada. Ou então é raiva da desgraça.

- Você vai me ajudar?

- Um a um, todos se afastavam. Ele trabalhou quase sem descanso, apenas com pequenos intervalos, mas não se afastava dali. 5, 10, 12, 22, 24, 30 horas.

Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se seu filho estava vivo ou morto. Até que ao afastar uma enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:

- Pai... Estou aqui!

Feliz, fazia mais força para abrir um vão maior e perguntou:

- Você está bem?

- Estou. Mas com sede, fome e muito medo.

- Tem mais alguém com você?

- Sim, dos 36 da classe 14 estão comigo, estamos presos em um vão entre dois pilares. Estamos todos bem.

Apenas conseguia se ouvir seus gritos de alegria.

- Pai, eu falei a eles: Vocês podem ficar sossegados, pois meu pai irá nos achar. Eles não acreditavam, mas eu dizia a toda hora... Haja o que houver, meu pai estará sempre a meu lado.

- Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco.

- Não! Deixe-os saírem primeiro... Eu sei que haja o que houver... Você estará me esperando!


Prof. Felipe Aquino. Sabedoria em parábolas. 7ª Edição. Editora Cléofas. 2003

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